O título pode soar estranho, porém não o é. Explico: o picuiense Wellyson Marlon Jr., 22, - mortal – foi ao encontro do escritor e poeta Lêdo Ivo, 88, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), logo - imortal. Dentre os vários autores lidos pelo picuiense, o alagoano Lêdo Ivo é um dos prediletos. Inclusive, em 2011, o poeta presenteou o jovem com Poesia Completa, coletânea de todos os seus livros de poesia reunidos em um único volume. Modernista da geração de 45 – a mesma de João Cabral de Melo Neto -, Lêdo Ivo é um dos maiores poetas vivos do Brasil e América Latina. Sua premiada obra (poesia e prosa) já foi traduzida para diversos idiomas e lançada em vários países. Apreciado por uma legião de leitores e críticos literários exigentes, é publicamente um anti best-seller. Formou-se em Direito, embora tenha ganhado a vida como jornalista. Radicou-se no Rio de Janeiro desde os anos 40. E foi eleito unânime para a ABL.
O encontro rápido aconteceu em seu apartamento repleto de livros e belíssimas obras de arte, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Foi muita sorte encontrar o poeta em casa, pois Lêdo Ivo chegara de Portugal no dia anterior, e estava de saída para Teresópolis, onde iria se encontrar com o filho, Gonçalo Ivo, artista plástico radicado em Paris, na França. “Cheguei no momento exato, um tempo depois não teria o encontrado.” Afirma o picuiense. Quando apresentado, Lêdo Ivo foi preciso: “Ah, lembro-me muito bem de você, da Paraíba, que me enviou uma carta.” O acadêmico indagou sobre Picuí, os poetas locais e se há biblioteca. “Picuí é uma típica cidade do interior nordestino, distante 283 km da capital João Pessoa. Temos o poeta Antônio Henriques Neto, o maior de todos, um dos melhores do país na poética popular. Há em Picuí uma excelente biblioteca pública com ótimos títulos, projeto cultural do Governo Lula.” Respondeu o autêntico picuiense, entre outros detalhes.
“Mas o que você veio fazer no Rio de Janeiro?” perguntou o imortal. E a resposta imediata: “Vim estudar cinema”. De repente Lêdo Ivo se levantou e se dirigiu ao telefone dizendo: “Vou telefonar para Nelson Pereira dos Santos lhe receber na Academia (Brasileira de Letras).” A primeira tentativa não deu certo, na segunda o cineasta e colega de Academia atendeu. Então, Lêdo Ivo proferiu: “Nelson,cheguei ontem de Portugal. Meus ouvidos ressoaram muito seu nome nas terras ibero-europeias. Estou aqui com um jovem aspirante a cineasta, Wellyson é o nome dele. Quero que você o receba na Academia, na quinta-feira, às três da tarde. Obrigado!”