Estudo recente do Ipea apontou a desigualdade como um dos grandes gargalos do país em educação. Grandes diferenças no índice de alfabetização também persistem, por exemplo, entre a população urbana e rural (4,4% contra 22,8%), branca e negra (5,9% ante 13,4%), e das regiões Sudeste e Nordeste (5,5% contra 18,7%).
Promessas de campanha
A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) prometeu erradicar o analfabetismo no país, por meio de ações como construção de 6.000 creches e pré-escolas, concessão de bolsa de estudos para coibir a evasão escolar e elevação para 7% do PIB dos investimentos públicos em educação, índice hoje em 4,7%.
Prioridades e avanços
E os desafios da educação não se resumem ao analfabetismo e ao modelo de ensino médio. O movimento Todos pela Educação propõe cinco metas para o setor no país: colocar toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola (percentual atual é de 92%), ter todo aluno com alfabetização plena até os oito anos, aprendizado adequado à sua série e ensino médio concluído até os 19 anos (hoje apenas metade concluiu), em um cenário de investimento público em educação de 5% ou mais do PIB por ano.
De 2000 a 2007, a cidade avançou 212% no quesito educação do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, o melhor desempenho do país. Resultado de medidas conjuntas entre município, estado e União, como investimento em transporte escolar (o município tem 3.600 quilômetros quadrados de área, com distritos distantes até 200 quilômetros da sede da cidade), formação continuada e remuneração docente e incentivo aos alunos – o concurso “aluno nota 10” deu 14 notebooks aos estudantes que foram destaque em 2010.
Em geral, a educação brasileira avançou nos últimos 20 anos, como mostrou relatório recente do Todos pela Educação. Se em 1999, por exemplo, apenas 40,8% dos jovens de 16 anos haviam concluído o ensino fundamental, o índice saltou para 63,4% em 2009. Melhora também expressiva no ensino médio: percentual de jovens de 19 anos com ensino médio finalizado foi de 25,4% em 1999 para 50,2% em dez anos.
Desafios da universidade
No ensino superior, aponta o Ipea, o percentual da população de 18 a 24 anos matriculada subiu de 4,6% a 14,4% no intervalo de 1992 a 2009. Índice ainda tímido, afirma o instituto, fruto de problemas que permanecem: evasão e baixa taxa de conclusão nos ensinos fundamental e médio.
O Ipea destaca resultados positivos na política de ampliação do acesso à educação superior do governo do PT, decorrentes de ações como aumento de vagas em instituições federais de ensino e do crédito estudantil, além da criação do ProUni (Programa Universidade para Todos), de concessão de bolsas em faculdades privadas.
O avanço, no entanto, não ocorre sem percalços, como demonstraram as falhas operacionais nas duas últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criado em 1998 como avaliação dos estudantes e que hoje já substitui o vestibular em quase 100 mil vagas de federais.
O avanço se deveu ainda, afirma, à criação de fundos específicos para a educação (Fundef e Fundeb) e a programas de transferência de renda como o Bolsa Escola e Bolsa Familia, que ajudaram a levar os filhos de famílias mais pobres para a escola.
Mas os desafios seguem postos para a gestão Dilma Rousseff, como mostra Valdir Maia, gestor da educação em Guaribas (PI), cidade em que 83% dos 4.401 moradores recebem Bolsa Família. “Lula fez muita coisa, mas esperamos mais investimento”, afirma.
E se depender da disposição do septuagenário morador Milton Matias, que retomou os estudos após mais de 50 anos, o futuro sugere avanços. “É importante a gente ter mais informação. Alguma coisa a gente tem que procurar.”
Fonte: g1.globo.com/adaptado
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