10 de abril de 2012

Wellyson Marlon Jr. conhece o crítico de cinema e literatura João Batista de Brito


O picuiense Wellyson Marlon Jr. esteve no último domingo em casa do crítico de cinema e literatura João Batista de Brito, um dos maiores nomes do país na área da crítica cinematográfica. João é casado com uma picuiense, Detinha, filha do ex-prefeito do município Eduardo Macedo. O encontro se deu na capital João Pessoa, aspirado há algum tempo pelas cunhadas do cinéfilo, Ninfa e Normândia, sobretudo pelo jovem picuiense que futuramente pretende cursar no Rio de Janeiro a Escola Darcy Ribeiro de Cinema, a melhor do Brasil.

Na ocasião, Wellyson contou ao crítico de cinema que a primeira vez em que ouviu alguém falar em seu nome passou despercebido. A segunda vez foi através do diretor de fotografia João Carlos Beltrão, durante as gravações de O Contador de Filmes — curta do cineasta paraibano Elinaldo Rodrigues, o qual aborda a vida do cinéfilo picuiense Ivan Cineminha, uma verdadeira enciclopédia ambulante da sétima arte moderna. O documentário foi rodado, em parte, na cidade de Picuí, em 2010. Inclusive, o filme encerra coincidentemente com Wellyson dando um depoimento sobre sua relação pessoal com o cinema do ponto de vista local. João é um dos personagens desse documentário paraibano, premiadíssimo em festivais, tendo também o traduzido para o inglês.

Wellyson ficou encantado ao saber da figura intelectualizada de João. Então, certa vez perguntou ao amigo, professor universitário e escritor picuiense Carlos Cartaxo (prêmio Jabuti de literatura) se conhecia o tal de João Batista de Brito: "É um dos caras mais geniais que conheço. Já leu Shakespeare em inglês. Conhece cinema como poucos. Também crítico de literatura. Professor aposentado da UFPB. E um intelectual de marca maior.” Wellyson arrancou risos de João ao dizer o que pensou enquanto Cartaxo lhe dizia: “Tenho que pegar esse cara pra ser meu amigo!”

João é o autor de Imagens Amadas, publicado no ano do centenário do cinema, este livro está dividido em três partes. As duas primeiras compreendem críticas de filmes, e a última, uma série de textos sobre teoria e história do cinema, com fartura de exemplos. À leitura das resenhas que compõem a primeira parte, também é possível assimilar muitos conceitos e informações teóricas, uma vez que estes são mobilizados pertinentemente para a construção das análises. O título do livro dá nome à sua coluna no suplemento literário Correio das Artes (do jornal A União) e a um blog, muito visitado no Brasil e também por internautas do exterior, o que muito lhe surpreendeu. Eis o link: http://imagensamadas.com/.

O crítico presenteou o picuiense com um de seus títulos, Um beijo é só um beijo (Minicontos para Cinéfilos), obviamente com direito à dedicatória, é claro: “A Wellyson, com apreço e todas as expectativas de João Batista de Brito, em 08.04.2012. E também assistiram juntos o documentário O Contador de Filmes, até então, inédito para Wellyson. “Não sabem o prazer e a honra que foi conhecer João. Um sujeito simples e adorável, muito embora um intelectual formidável.” Diz o picuiense maravilhado.


3 de março de 2012

Wellyson Marlon Jr. :Análise Crítica


Wellyson Marlon Jr. faz crítica de A Música segundo Tom Jobim, filme de Nelson Pereira dos Santos: Todos os Tons de Tom



A simples notícia de que Nelson Pereira dos Santos fez um filme sobre Tom Jobim já provoca ansiedade. Afinal, é o encontro entre dois expoentes de nossa modernidade, ícones do Cinema Novo e da Bossa Nova, movimentos que, ao lado da construção de Brasília e a aparição de Pelé, modificaram para sempre o olhar sobre este país, até então conhecido como a “Terra de Zé Carioca”.

Para não sobrar nem pau nem pedra, Nelson — que também é imortal da ABL — realizou logo dois filme
s no fim do caminho. O primeiro deles, já em cartaz, é A Música Segundo Tom Jobim, um desfile de suas canções mais famosas, e vem aí, com lançamento para o segundo semestre, A Luz do Tom, baseado no livro Antonio Carlos Jobim: Um Homem Iluminado, escrito por Helena Jobim, irmã do maestro. Como o segundo filme terá depoimentos e Jobim era reconhecido como um grande papo, a continuação pode parecer mais atraente. Pode até ser. Mas em A Música Segundo Tom Jobim, a catarse é garantida.

Autor de comentários definitivos, muita gente se deleitou com suas frases de efeito: “A melhor saída para o músico brasileiro continua sendo o Aeroporto Galeão”; “Assim como o brasileiro foi educado para perder, o americano foi educado para ganhar”; “O Brasil, definitivamente, não é para principiantes”; “Nenhuma situação é tão complicada que uma mulher não possa piorar”; “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal” etc. Em entrevista à revista Veja, de 1988, Tom Jobim foi enérgico e categórico quando
indagado de que a Bossa Nova não é música brasileira segundo alguns críticos: “A Bossa Nova é um negócio que apareceu com um baiano chamado João Gilberto, que é um cara de um talento genial. Aí vem um Paulo Francis e escreve — “A Bossa Nova é 50% jazz.” — Mentira. É um troço brasileiro que surgiu aqui com Chega de Saudade, com uma introdução tipo choro, e não tem nada de jazz.”

Dora Jobim, neta de Tom, atuou como codiretora do primeiro longa. Ao lado do pesquisador Antonio Venâncio e auxiliada pela tia Miúcha Buarque de Holanda, que atuou como roteirista-conselheira, Dora escarafunchou o acervo familiar de filmes sobre o avô, acervos alheios e atravessou madrugadas navegando na internet atrás de imagens maravilhosas, muito bem alinhavadas pela edição. O músico Paulo Jobim, pai de Dora e diretor musical do filme, deu o parecer final sobre a qualidade acústico-musical dos vídeos e a magia se fez.

A história musical de Tom Jobim é contada em imagens atemporais. Assim, Gal Costa vem antes de Elizeth Cardoso e Adriana Calcanhoto interpreta Ela é Carioca, composta dois anos antes de ela nascer. Por uma triste coincidência, João Gilberto não aparece (aliás, surge rapidamente tocando violão para Elizeth, em trecho do filme Pista de Grama, de 1958), pois suas imagens estão sendo utilizadas para a produção de um filme sobre ele próprio. Todavia o desfile é avassalador. Do dueto de Elis (Regina) e Tom em Águas de Março, à precisão cirúrgica do piano de Oscar Peterson em Wave ou a dramaticidade de Judy Garland em Insensatez, o filme é só surpresas.

Nelson não utilizou palavras nem mesmo para identificar os artistas (o que ocorre, em detalhes e pausadamente, nos letreiros finais). O diretor preferiu mergulhar o público na emoção pura da composição e da interpretação, achando que as grifes poderiam atrapalhar. Bem-humorado, na entrevista coletiva, ele disse que a falta de letreiros é uma boa chance para os metidos exibirem seu conhecimento para as donzelas: “Ah, este é o Jean Sablon, aquele é o Sammy Davis Jr.!” A eterna parceria com Vinícius de Moraes, ou as inúmeras interpretações de Garota de Ipanema, entre outros momentos criam clareiras iluminadas no filme. Maravilhoso e ponto. Nada melhor que transferir à palavra ao escritor Ruy Castro que, em A onda que se
ergueu no mar, sobre Tom Jobim afirmou: “ele tornou universal o seu universo”.

Wellyson Marlon Jr foi Vencedor do Concurso de Conhecimentos Gerais Show do Lordão, Soletrando, Autor do filme Amor, Paixão e Revolução, Vencedor do Concurso de Monografias Felipe Tiago Gomes, é escritor e crítico de Cinema.