12 de agosto de 2009

Página 1 Cursinho

As Grandes Navegações


01. (VH) Ao contrário dos portugueses, que buscavam atingir as Índias contornando a costa africana, Colombo:


a) concentrou suas navegações na parte Norte da América, em busca de uma passagem ao Noroeste para o continente asiático;

b) dirigiu-se para o Oeste em busca da passagem Sudeste para o continente asiático;

c) planejou atingir o Leste, onde se encontravam as Índias, viajando no sentido Oeste;

d) navegou pelo Oceano Atlântico em direção ao Canal da Mancha e Mar do Norte, seguindo as instruções do Rei de Portugal;

e) concentrou suas navegações na parte Leste, em busca de uma passagem Noroeste para as Índias.


RESPOSTA: C


02. (VH)

"... Diziam os mareantes, que depois desse cabo não há nem gente nem povoado algum; a terra não é menos arenosa que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvores, nem erva verde; e o mar é tão baixo, que a uma légua da terra não há fundo mais que uma braça."

O texto faz referência à época:


a) das Grandes Navegações no início da Idade Média;

b) da Revolução Industrial na Idade Contemporânea;

c) do expansionismo marítimo lusitano;

d) das navegações fenícias;

e) do neocolonialismo.


RESPOSTA: C


03. (VH) A esquadra enviada por D. Manuel, rei de Portugal, às Índias, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, tinha como objetivo:


a) estabelecer uma sólida relação comercial e política com os povos do Oriente;

b) procurar outro caminho que conduzisse ao Oriente sem utilizar o Mediterrâneo;

c) combater a pirataria nas Colônias portuguesas na costa oeste da África;

d) confirmar a existência de minas de metais preciosos no sul da Ásia;

e) verificar as possibilidades de exploração de mão-de-obra escrava.


RESPOSTA: A


04. (VH) Associe corretamente:


(A) Caboto I. Dinastia que iniciou as navegações francesas.

(B) Valois II. A serviço da Inglaterra, atingiu a região do Labrador.

(C) Francis Drake III. Fundador da Nova França.

(D) Walter Raleig IV. Realizou a segunda viagem de circunavegação.

(E) Jacques Cartier V. Criador da colônia da Virgínia.


a) A - I; B - III; C - IV; D - V; E - II

b) A - IV; B - II; C - III; D - V; E - I

c) A - II; B - I; C - IV; D - V; E - III

d) A - V; B - IV; C - II; D - III; E - I;

e) A - IV; B - V; C - II; D - I; E - III


RESPOSTA: C


05. (VH) Destaca-se como resultado das descobertas e da expansão luso-espanhola nos tempos modernos a:


a) diminuição do comércio entre Europa e Novo Mundo, com a hegemonia do mar Mediterrâneo;

b) formação de novos impérios na África e na Ásia, com a ampliação do comércio entre os dois continentes;

c) defesa das culturas nativas das Américas pelo Clero e pelo Estado;

d) abertura de uma nova era de navegação e comércio, não mais concentrada no Mediterrâneo e sim no Oceano Atlântico;

e) preservação da autonomia política das nações conquistadas, a exemplo do México e do Peru.


RESPOSTA: D


06. (VH) "O apoio financeiro da classe mercantil foi decisivo para o sucesso do movimento revolucionário, que faz surgir um novo Estado Nacional, mais forte e mais centralizado, e eminentemente mercantilista."

O movimento revolucionário mencionado no texto e referente à História de Portugal está ligado:


a) à Reconquista cristã do território português aos árabes;

b) à atuação de Afonso Henrique de Borgonha, fundador do Reino de Portugal;

c) à ascensão do Mestre de Avis ao trono português;

d) à dominação dos Felipes sobre Portugal;

e) à Restauração Portuguesa, que marca o fim da dominação espanhola.


RESPOSTA: C


07. Sobre as Navegações e os Descobrimentos, assinale a alternativa falsa:


a) Com os Descobrimentos, o eixo-econômico transferiu-se do Mediterrâneo para o Atlântico.

b) O Canadá foi explorado principalmente pelos franceses.

c) O que melhor explica o pioneirismo luso nas navegações é a posição geográfica de Portugal.

d) A Espanha retardou a sua participação na Expansão Marítima porque estava ainda em luta com os mouros e em processo de unificação política.

e) A primeira viagem de circunavegação foi realizada pelo português Fernão de Magalhães.


RESPOSTA: C


08. (VH) Entre as principais conseqüências da Expansão Marítima, encontramos, exceto:


a) o descobrimento de metais preciosos no Novo Mundo e a aceleração da acumulação capitalista;

b) a descoberta de novos mercados, fornecedores de matérias-primas e consumidores de produtos industrializados;

c) a mudança do eixo econômico europeu, do mar Mediterrâneo para os oceanos Atlântico e Índico;

d) a formação dos impérios coloniais, vinculados ao Sistema Colonial Tradicional e ao processo de europeização do mundo;

e) o renascimento da escravidão em bases capitalistas e o desenvolvimento do mercantilismo.


RESPOSTA: B


09. (VH) Com relação aos indígenas brasileiros, pode-se afirmar que:


a) os primitivos habitantes do Brasil viviam na etapa paleolítica do desenvolvimento humano;

b) os índios brasileiros não aceitaram trabalhar para os colonizadores portugueses na agricultura não

por preguiça, e sim porque não conheciam a agricultura;

c) os índios brasileiros falavam todos a mesma "língua geral" tupi-guarani;

d) os tupis do litoral não precisavam conhecer a agricultura porque tinham pesca abundante e muitos frutos do

mar de conchas, que formavam os "sambaquis";

e) os índios brasileiros, como um todo, não tinham homogeneidade nas suas variadas culturas e nações.


RESPOSTA: A


10. (VH) Os povos pré-colombianos, maias, astecas e incas, já apresentavam uma notável organização. O estágio de desenvolvimento em que se encontravam era:


a) a selvageria

b) a barbárie

c) a transição de selvagem para barbárie

d) a civilização

e) o Paleolítico


RESPOSTA: D



AMÉRICA COLONIAL


01. (VH) Pero Vaz de Caminha, em sua carta ao rei D. Manoel, ressaltava que a salvação dos índios era a mais imediata contribuição à terra. Algumas décadas depois, o ensino colonial desenvolvia-se fortemente influenciado pela cultura religiosa do colonizador. Sobre os primeiros educadores da fase colonial, é correto afirmar que eles:


a) Conseguiram dissociar a evangelização do processo colonizador luso-brasileiro.

b) Permaneceram alheios ou indiferentes aos abusos praticados pelos senhores de escravos.

c) Presos às idéias etnocêntricas européias, ignoraram as línguas indígenas.

d) Pretenderam espalhar a fé, tomando novos súditos tementes a Deus e obedientes ao rei.

e) Tinham por objetivo promover à Igreja Católica, mantendo intacta a cultura indígena.


Resposta: D

02. (VH) Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus, os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome... Estas palavras, do padre Antônio Vieira, descrevem bem a situação da sociedade colonial à época do apogeu açucareiro. A respeito, considere as afirmativas:


I. Os senhores eram os donos dos engenhos e da riqueza neles gerada; logo, podiam comer bem e vestir-se

luxuosamente.

II. Os escravos eram uma propriedade dos senhores, como qualquer outro objeto de sua lavoura e de seu engenho, não

precisando de roupas e comendo apenas o mínimo necessário.

III. A Igreja Católica, inclusive os padres da Companhia de Jesus, admitiu em geral a escravidão africana, embora tenha

combatido com coragem e tenacidade a escravização do indígena.

IV. A minoria dos senhores de terras e escravos temia as ações dos jesuítas, tal como haviam feito os holandeses em

Pernambuco, em prol da libertação dos escravos dos engenhos e plantações.


Assinale:


a) Se somente as alternativas I e II estão corretas.

b) Se somente as alternativas II e III estão corretas.

c) Se somente as alternativas I, II e II estão corretas.

d) Se somente as alternativas II, III e IV estão corretas.

e) Se todas as alternativas estão corretas.


Resposta: E

03. (VH) As expedições chamadas de Entradas e Bandeiras tinham como objetivo a procura de riquezas minerais e/ou a caça ao índio, para escraviza-lo e vende-lo no litoral. O papel das Entradas e Bandeiras pode ser assim resumido:


a) Determinam a ocupação efetiva do interior do Brasil e deram ao nosso país sua atual configuração geográfica.

b) Contribuíram para a implantação de uma nova política colonizadora, aproximando índios e colonos.

c) Iniciaram aproveitamento verdadeiro das terras agrícolas do oeste mudando a situação econômica da Colônia.

d) Por razões políticas e econômicas, contribuíram para a mudança da capital do Vice-Reino, do Rio de Janeiro para a Bahia.

e) Respeitaram o Meridiano de Tordesilhas, evitando, assim, conflitos armados entre portugueses e espanhóis.


Resposta: A

04.(VH) O comércio das colônias espanholas, desde o início do século XVI, esteve subordinado a severas restrições, garantindo o monopólio e evitando o contrabando. Dentro desse quadro, foi adotando o sistema de porto único, que:


a) Garantia grande controle sobre as colônias, pois apenas o porto de Vera Cruz, no México, podia fazer transações comerciais com a Metrópole.

b) Conseguiu evitar o contrabando de metais preciosos, resguardando a riqueza colonial do ataque de piratas.

c) Permitiu grande desenvolvimento de Buenos Aires, responsável pelo escoamento da produção de prata da América do Sul.

d) Fez com que a Espanha mantivesse todo o território americano unido, constituindo uma imensa colônia.

e) Centralizou o comércio metropolitano em Sevilha, de onde partiam as frotas anuais para algumas regiões da América.


Resposta: E

05. (VH)À medida que a empresa açucareira se expandia no Brasil, fez-se opção pela mão-de-obra escrava de origem africana, em substituição ao trabalho indígena. Esta opção pode ser explicada, porque:


a) O uso de escravos africanos alimenta o tráfico negreiro, tornando-o um dos mais lucrativos setores do comércio colonial.

b) Os indígenas eram selvagens e lutavam contra a escravidão, enquanto os negros eram dóceis e submissos.

c) Os indígenas eram frágeis fisicamente e adoeciam com facilidade, já os negros tinham uma constituição física forte, propícia ao trabalho braçal.

d) Os negros dominavam as técnicas do cultivo da cana, enquanto os indígenas não conheciam a agricultura, portanto, seu trabalho não era produtivo.

e) Os africanos resistiram ao escravismo através dos quilombos e das revoltas, mas foram mantidos na agricultura, porque os índios desconheciam essa atividade.


Resposta: A

06. (VH) As leis portuguesas do século XVI são dúbias com relação aos indígenas, proíbem a escravização do indígena, mas ao mesmo tempo abrem essa possibilidade em caso de “guerra justa”. Para os portugueses “guerra justa” significava:


a) A utilização da força para que esses povos pudessem participar do reino dos céus.

b) Aquela no qual o indígena tomava a iniciativa de agressão contra o branco.

c) O aprisionamento devido à necessidade vital de mão-de-obra.

d) A ação missionária do jesuíta para ensinar os valores da sociedade branca.

e) O uso da violência na formação dos aldeamentos, evitando a ação dos jesuítas.


Resposta: B

07. (VH) Os donatários recebiam lotes em caráter hereditário, indivisíveis e inalienáveis no todo ou em parte. Vale dizer que o Estado concedia apenas a posse da terra, reservando para si a propriedade dela. As capitanias eram:


a) Porções territoriais na Colônia, cujo comércio era monopolizado pelo donatário, criando uma elite mercantil no Brasil.

b) Regiões doadas pelo rei a seus amigos, porém obrigados a produzir açúcar durante dez anos para garantirem a propriedade da terra.

c) Territórios coloniais controlados pela Metrópole através de funcionários especiais, os donatários.

d) Reflexo da incapacidade econômica da Coroa em promover diretamente a colonização, transferindo esse ônus à iniciativa privada.

e) Os elementos que permitiram a consolidação da aliança entre o rei e a burguesia, iniciada com a expansão marítima.


Resposta: D

08.(VH) A organização do engenho exigia a utilização de numerosos trabalhadores na produção açucareira, estimulando a escravidão, já adotada por Portugal nas Ilhas Atlânticas, e que representava:


a) a efetivação do sistema capitalista na periferia do sistema colonial, fundamental para a acumulação de riquezas.

b) um grande retrocesso para Portugal, que desde o Renascimento Humanista havia abolido a escravidão de seus territórios.

c) uma contradição, pois nos países europeus desenvolvia-se a mentalidade liberal, antiescravista.

d) um choque com a Igreja Católica, contrária qualquer forma de escravidão, por considerar que todos são filhos de Deus.

e) a retomada do escravismo antigo, tal como no Império Romano, em que o escravo era utilizado em atividades variadas.


Resposta: A

09.(VH) Na época da moagem de cana, os escravos trabalhavam dia e noite nos engenhos, em turnos, proporcionando grandes lucros aos proprietários. Para os escravos esse ritmo de trabalho era massacrante e em geral sobreviviam cerca oito anos nesse regime. A partir do texto e de seus conhecimentos é correto:


a) Durante a fase colonial, houve fugas de escravos dos engenhos e a formação, no sertão brasileiro, de mocambos que se transformaram em quilombos.

b) Tal situação determinou a ação dos latifundiários, no sentido de organizar expedições para o aprimoramento de

indígenas.

c) O barateamento do preço de escravos, uma vez que a compra por parte dos latifundiários tendeu a aumentar.

d) Essa situação somente ocorreu no período de ocupação holandesa, pois a necessidade de manter os lucros e os gastos militares sobrecarregava os escravos.

e) Implementou-se no Brasil Colônia um sistema produtivo semelhante ao existente nas indústrias européias, onde o operário é superexplorado.


Resposta: A


COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL


01. (VH) No Brasil colonial, a escravidão caracterizou-se essencialmente:


a) por sua vinculação exclusiva ao sistema agrário exportador;

b) pelo incentivo da Igreja e da Coroa à escravidão de índios e negros;

c) por estar amplamente distribuída entre a população livre, constituindo a base econômica da sociedade;

d) por destinar os trabalhos mais penosos aos negros e mais leves aos índios;

e) por impedir a emigração em massa de trabalhadores livres para o Brasil.


RESPOSTA: C


02 (VH) No século XVII, contribuíram para a penetração do interior brasileiro:


a) o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar e a cultura de algodão;

b) o apresamento de indígenas e a procura de riquezas minerais;

c) a necessidade de defesa e o controle aos franceses;

d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monarquia portuguesa;

e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro.


RESPOSTA: B


03.(VH)Bandeiras eram:


a) expedições de portugueses que atraíam as tribos indígenas para serem catequizadas pelos jesuítas;

b) expedições organizadas pela Coroa com o objetivo de conquistar as áreas litorâneas e ribeirinhas do país;

c) expedições particulares que aprisionavam índios e buscavam metais e pedras preciosas;

d) movimentos catequistas liderados pelos jesuítas e que pretendiam formar uma nação indígena cristã;

e) expedições financiadas pela Coroa cujo objetivo era exclusivamente descobrir metais e pedras preciosas.


RESPOSTA: C


04(VH) Após a restauração Portuguesa, ocorrida em 1640:


a) as relações entre Portugal e o Brasil tornaram-se mais liberais;

b) a autonomia administrativa do Brasil foi ampliada;

c) o Pacto Colonial luso enrijeceu-se;

d) os capitães-donatários forma substituídos pelos vice-reis;

e) a justiça colonial passou a ser exercida pelos "homens novos".


RESPOSTA: C


06(VH) O organograma abaixo foi instituído:


A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL APÓS A RESTAURAÇÃO



a) no século XVI, logo após a expedição colonizadora de Martin Afonso de Sousa;

b) depois de 1640, quando Portugal se separou da Espanha;

c) durante a União Ibérica;

d) por D. João V, na época da mineração;

e) pela Dinastia de Avis.


RESPOSTA: B


06(VH). Não é uma característica da política colonial portuguesa, depois da Restauração:


a) a criação do Conselho Ultramarino, em 1641;

b) a limitação dos poderes das Câmaras Municipais;

c) o fiscalismo e a excessiva centralização;

d) a extinção dos monopólios sobre o comércio colonial;

e) a criação das companhias privilegiadas de comércio.


RESPOSTA: D


07(VH) Foram conseqüências da mineração, exceto:


a) o surgimento de um mercado interno;

b) a urbanização;

c) a melhoria do nível cultural;

d) a decadência da atividade açucareira;

e) a maior fiscalização da Coroa sobre a Colônia.


RESPOSTA: D


098VH) A atual configuração do território brasileiro foi definida em suas linhas gerais, na época do marquês de Pombal,

pelo Tratado de:


a) Lisboa

b) Madri

c) Utrecht

d) Tordesilhas

e) Badajós


RESPOSTA: B


09(VH). Entre as medidas pombalinas para o Brasil destacamos, exceto:


a) a expulsão dos jesuítas;

b) a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro;

c) a extinção do Estado do Maranhão;

d) o estabelecimento da Inquisição na Bahia;

e) a criação do Diretório dos Índios.


RESPOSTA: D


11 de agosto de 2009

Resumos obras Vestibluar UEPB - 2011 COMVEST

Resumos Vejahistória:



A Educação Pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto

Publicado em 1965, A Educação Pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto, reúne os traços determinantes da poesia de João Cabral de Melo Neto. Além da excelência de sua poesia pela consciência construtiva da linguagem, João Cabral consegue ser uma singular forma de realização do que se pode compreender por linguagem poética. Apesar de ter produzido livros fundamentais até o final do século XX, A Educação pela Pedra vale como espécie de módulo quadrangular da obra como um todo.

A Educação pela pedra significa um importante momento na trajetória inventiva de João Cabral de Melo Neto. Pode-se dizer que essa obra representa o efeito de um trabalho progressivo que teve o seu início em 1942, com a publicação de Pedra do Sono, e que continuou, passando por estágios de tensão interna, verdadeiros pontos nevrálgicos para a escala da sua invenção.

A coletânea reúne 48 poemas marcados pelo didatismo do poema "A Educação pela Pedra", seu núcleo temático. A obra é dividida em 4 partes: a, A, b e B. Nas partes minúsculas os poemas são curtos e nas partes maiúsculas os poemas são longos. Os temas dos poemas também são distribuídos conforme as letras. Esta maneira de organizar os poemas pode exemplificar a preocupação do poeta com um livro cuidadosamente projetado. São poesias em que sobressaem o rigor formal e a contenção, sem prejuízo do lirismo.

No poema-título, ele nos remete ao conceito da "carnatura" da poética, sua matéria-prima ou conteúdo, no caso, "pedagógico", de intimidade com os objetos:

A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.


*
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.


Linguagem seca, precisa, concisa, desprezo pelo sentimentalismo. A arte não é intuitiva - é calculada, nua e crua.

Há em Cabral uma verdadeira "didática da pedra", como processo teórico e prático da preensão da realidade. Essa "educação" consiste num processo de imitação de objetos, pelo qual é possível tratar da realidade através do poema, isto é, através de uma forma, de uma linguagem que para sua estruturação não despreza, antes acentua, a existência do objeto, segundo João Alexandre Barbosa.

A pedra nos remete à aridez humana e geográfica do Nordeste e é símbolo constante na obra do autor, fazendo confluir a temática social (linguagem-objeto) com a reflexão sobre o fazer poético no próprio texto artístico (metalinguagem).

Aqui a pedra ensina ao homem. A pedra, um objeto inanimado, duro, frio, que à princípio não tem nenhuma qualidade, não demonstra nada, não faz nada, é passada despercebida, ganha em João Cabral essa poesia fantástica. O poeta detestava música, comparava a poesia a um cálculo matemático, relegava a emoção a segundo plano para chegar à perfeição da construção do poema, calcado na colocação das palavras precisas e fundamentais para cada espaço do papel, nada a mais, nada a menos, só a precisão, o contido, o visual.

Observe, no texto que segue, a recorrência à pedra, num outro passo da "educação" que ela exerce na feitura / leitura do poema:

Catar feijão

1.

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.


2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


Outros poemas da obra

Fábula de um arquiteto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.


2.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.


O mar e o canavial

O que o mar sim aprende do canavial:
a elocução horizontal de seu verso;
a geórgica de cordel, ininterrupta,
narrada em voz e silêncio paralelos.
O que o mar não aprende do canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão-de-pilão das ondas na areia,
moída e miúda, pilada do que pilar.


*

O que o canavial sim aprende do mar;
o avançar em linha rasteira da onda;
o espraiar-se minucioso, de líquido,
alagando cova a cova onde se alonga.
O que o canavial não aprende do mar:
o desmedido do derramar-se da cana;
o comedimento do latifúndio do mar,
que menos lastradamente se derrama.


O sertanejo falando

A fala a nível do sertanejo engana:
as palavras dele vêm, como rebuçadas
(palavras confeito, pílula), na glace
de uma entonação lisa, de adocicada.
Enquanto que sob ela, dura e endurece
o caroço de pedra, a amêndoa pétrea,
dessa árvore pedrenta (o sertanejo)
incapaz de não se expressar em pedra.


2.

Daí porque o sertanejo fala pouco:
as palavras de pedra ulceram a boca
e no idioma pedra se fala doloroso;
o natural desse idioma fala à força.
Daí também porque ele fala devagar:
tem de pegar as palavras com cuidado,
confeitá-la na língua, rebuçá-las;
pois toma tempo todo esse trabalho.


Num Monumento à Aspirina

"Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia. ..."


Questões para analisar :

1. (FDV) O poema que dá o título da obra A educação pela pedra apresenta tais características, com exceção de:

(A) reflexão metalingüística;
(B) elaboração formal;
(C) lirismo sem sentimentalismo;
(D) individualismo subjetivista;
(E) construção arquitetônica do verso.


2. (UFV) Leia atentamente o poema abaixo, de João Cabral de Melo Neto:

A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições de pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.


Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.


(MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. p. 21.)

Assinale a alternativa que NÃO traduz uma leitura possível do poema acima:

(A) O poeta apreende da pedra a própria vivência na vida agreste do Sertão: de austeridade, resistência silenciosa e sempre capaz de dar lições de vida e de poesia.
(B ) Os versos metalingüísticos revelam a própria poética cabralina: concreta, impessoal, concisa, embora profundamente social.
(C) Ao partir do pressuposto de que a pedra é muda, e, portanto, não ensina nada, o poeta suscita uma reflexão sobre a situação educacional precária no Nordeste.
(D ) O eu lírico também apreende da pedra os próprios versos enxutos, num esforço de dissecação de quaisquer sentimentalismos.
(E ) No poema, de intensa economia verbal, a pedra faz-se metáfora da paisagem do Sertão, que “entranha a alma”, e espelha o fazer poético do autor pernambucano.


3. (UFV) Leia com atenção as seguintes afirmações a respeito da obra A Educação pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto:

I. Neste livro, o engenheiro-poeta extrai dos motivos nordestinos e espanhóis a matéria bruta para a construção dos versos pautados pela discursividade lógica da sintaxe, despoetização e anti-musicalidade – recursos intensamente utilizados na literatura contemporânea.

II. A temática, principalmente centrada em motivos nordestinos, é utilizada pelo autor como imitação do romance social dos anos 30; daí a proposta de aprendizagem de uma poesia mais engajada e popular, em linguagem menos complexa.

III. No livro, como em grande parte da poesia da modernidade, são constantes os poemas metalingüísticos, expressivos da tentativa do poeta de apreender seu próprio processo de construção poética, e extrair lições da realidade – sua e da própria linguagem.

É CORRETO apenas o que se afirma em:

(A) I.
(B ) I e II.
(C) I e III.
(D ) II.
(E ) III.


4. (UFSCAR) Esse poema consta na primeira parte de A educação pela pedra, considerada pelo autor sua obra máxima. Depois de uma leitura atenta, responda.

A) Qual o contraste entre a busca da palavra e o resultado de sua execução na boca do sertanejo?

B) A que se refere, no texto, a palavra ela, no primeiro verso da segunda estrofe? Justifique sua resposta.

RESPOSTAS:

A) O texto estabelece um contraste entre a palavra em si e a sua execução na boca do sertanejo: no "idioma pedra", as palavras são ásperas, duras e ferem a boca, por isso o sertanejo as pega com cuidado, confeitando-as. Daí, sua fala enganar: as palavras duras do idioma soam doces em seu modo de falar.

B) "Ela" se refere de imediato à passagem "glace / de uma entonação lisa, de adocicada." No entanto, de um modo geral, retoma a idéia de fala, mencionada no primeiro verso. Ou seja, sob ela (a fala adocicada do sertanejo), existe a língua/idioma de pedra.


O CORTIÇO - Aluísio de Azevedo Vote

A Obra

O Cortiço (1890), expressão máxima do Naturalismo Brasileiro, apresenta como personagem principal João Romão, português que pode ser encarado como metáfora do capitalismo selvagem, pois tem como principal objetivo na vida enriquecer a qualquer custo. Ambicioso ao extremo, não mede esforços, sacrificando até a si mesmo. Veste-se mal. Dorme no mesmo balcão em que trabalha. Das verduras de sua horta, come as piores: o resto vende.

Mas sua ascensão não se vai basear apenas na autoflagelação. Explora descaradamente o próximo. O vinho que vende aos seus clientes é diluído em água (fica aqui nas entrelinhas a idéia de que o brasileiro está destinado a ser explorado pelo estrangeiro). Mas o mais sintomático de seu caráter está na sua relação com Bertoleza.

Era essa uma escrava que ganhava a vida vendendo peixe frito diante da venda de João Romão. Os dois tornam-se amantes. O protagonista aproveita as economias dela e, mentindo que havia comprado a sua carta de alforria, investe em seus próprios negócios, construindo três casinhas, imediatamente alugadas.

Com o tempo, de três chegam a 99 casinhas (na realidade, o progresso é devido não só ao tempo. Há também o dinheiro dos aluguéis que vai sendo investindo, numa postura claramente capitalista, e também o furto que João Romão e sua amante vão realizando do material de construção dos vizinhos), tornando-se o Cortiço São Romão (a maneira como Aluísio Azevedo descreve a origem e o estágio atual desse fervilhar tem claro gosto naturalista.
No primeiro aspecto, as condições do meio – água à vontade – permitiram que a moradia coletiva se desenvolvesse. Existe, nesse tópico, uma forte influência dos avanços que a Biologia estava tendo na época.

Quanto ao segundo aspecto, a maneira como são descritos os moradores em sua agitação, semelhantes a larvas minhocando num monte de esterco, é de uma escatologia tradicional a essa escola literária, rebaixadora ou mesmo aniquiladora da nobreza humana, ao comparar degradantemente suas personagens a animais, num processo conhecido como zoormorfismo). Aqui está a salvação do romance.

Aluísio Azevedo tem deficiências no trato de personagens, tornando-as psicologicamente pobres, o que pode ser desculpável, pois o Naturalismo tem uma predileção por tipos. Essa característica vem a calhar a um autor que se notabilizara como caricaturista.

De fato, os moradores do cortiço vão formar uma galeria de tipos extremamente rica, colorida, autorizando-nos a dizer que essa coletividade é que se torna a melhor personagem da obra. A moradia coletiva comporta-se como um só personagem, um ser vivo.

Nesse lugar, encontramos inúmeras figuras, cada uma representando um mergulho nas diferentes taras (o enfoque das patologias sexuais, apresentando o homem com um prisioneiro dos instintos carnais – bem longe da imagem idealizada de racionalidade e nobreza – é uma das predileções do Naturalismo) e facetas da decadência humana.

Há vários exemplos, como Neném, adolescente negra de libido explosiva que acaba perdendo a virgindade nas mãos de um empregado de João Romão. Cai na vida. Existe também Albino, de tendências homossexuais, ou então Machona, de pulso firme, tanto denotativa quanto conotativamente.

Botelho, homem corroído pelas hemorróidas (a menção a esse detalhe, degradante, é típica do Naturalismo) e pelo pior tipo de materialismo – o alimentado pela cobiça de quem não tem nada.

Pombinha, moça afilhada da prostituta Léonie, que é responsável também por sua iniciação sexual. A menina é noiva de João da Costa. Seu casamento seria a garantia de saída daquela moradia pobre. Mas sua mãe tinha escrúpulos que adiavam o casamento: enquanto a filha não se tornasse mulher – ou seja, tivesse sua primeira menstruação – não podia casar-se.

No entanto, a menarca estava por demais atrasada, o que se transformava num drama acompanhado pelos moradores do cortiço, que a tratavam como a flor mais preciosa (é também típica do Naturalismo essa força que os aspectos biológicos exercem sobre o caráter da personagem. Enquanto não tem sua primeira menstruação, é menina pura.

Tanto que, uma das poucas alfabetizadas e dotadas de tempo ocioso, dedica-se a ler e a escrever as cartas dos diversos moradores do cortiço, entrando em contato com a podridão das paixões humanas. Mas isso não macula sua inocência até o momento em que, mulher – ou seja, já capaz de menstruar e, portanto, cumprir seu papel biológico de reprodução –, adquire maturidade para entender o que se passa entre aquela multidão de machos e de fêmeas.

Com nojo de tudo o que via, desencanta-se). No fim, vira lésbica e cai na vida, principalmente por influência de sua iniciadora, Léonie (outra leitura interessante que se pode fazer em O Cortiço é captar o destino a que é submetida a mulher. Ou se torna objeto do homem, ou sabe seduzir, de objeto tornando-se sujeito, ou despreza-o totalmente. Qualquer uma dessas posições é, na óptica da obra, degradante).


As velhas, de Lourdes Ramalho


As Velhas, peça de Lourdes Ramalho, é um duelo manchado de rancor, amargura e paixão, que conserva no texto toda a pureza da comunicação dos sertanejos. A obra de Lourdes Ramalho, ao mesmo tempo em que preserva elementos culturais nordestinos com suas tramas cordelescas, falares entremeados de regionalismos, denúncia da Indústria da Seca, mostra também personagens delineados psicologicamente, como “Mariana” e “Vina”, apresentadas ao espectador no desenrolar da trama.

E no sertão o universo humano aparece, do amor ao ódio, do político-social ao familiar, os conflitos vão permitindo ao espectador indagar, se indignar, sorrir ou chorar, já que cada um pode ver como seu olhar lhe permite.

A autora mostra os humores alterados de duas matriarcas, a cigana Ludovina e a sertaneja Mariana. Com rixas do passado mal resolvidas, elas se vêem envolvidas em uma armadilha do destino: o filho de uma e a filha da outra se apaixonam. A situação caminha para o inevitável — as rusgas terão que ser passadas a limpo. O mascate Tomás é quem faz a ligação entre as histórias das duas famílias.

O texto de Lourdes Ramalho toca em questões sociais (problemas agrários) e se aprofunda na condição humana. O texto defende a família, defende princípios. Não se trata apenas da mulher nordestina.

Em As velhas, temos, como já citado, a denúncia da famigerada “indústria das secas”, no mesmo nível de narrativa.

É uma peça carregada de regionalismo, mas que não se limita ao universo nordestino.

A autora desconstrói o rancor das duas senhoras de uma maneira admirável. E inverte estereótipos: a cigana renunciou à natureza nômade em nome da família — e quem viaja para fugir da seca é a sertaneja. As mulheres são fortes, mas ao mesmo tempo sucumbem diante do amor incondicional pelos filhos.

Os textos da autora revelam uma poética satírica que se encaixa muito bem no humor produzido pela comédia da cultura popular, herança deixada pelos ibéricos no homem do Nordeste do Brasil.

Lourdes Ramalho cria um Teatro pleno do imaginário e fantasia, abordando a realidade de forma nua e crua, expondo e denunciando injustiças sociais, históricas ou políticas, transformando um homem simples, num herói grandioso, patético e quixotesco.


Macunaíma

de Mário de Andrade

Com uma narrativa de caráter mítico, em que os acontecimentos não seguem as convenções realistas, a obra procura fazer um retrato do povo brasileiro, por meio do “herói sem caráter”

O livro faz parte da primeira fase modernista – a fase heróica. A influência das vanguardas européias é visível em várias técnicas inovadoras de linguagem que a obra apresenta. Por isso, Macunaíma pode oferecer algumas dificuldades ao leitor desavisado.


Há inúmeras referências ao folclore brasileiro. A narrativa se aproxima da oralidade – no capítulo “Cartas pras Icamiabas”, Macunaíma ironiza o povo de São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe verossimilhança realista.


Alguns aspectos históricos motivaram Mário de Andrade a criar tais “empecilhos”. A referência ao folclore brasileiro e à linguagem oral é manifestação típica da primeira fase modernista, quando os escritores estavam preocupados em descobrir a identidade do país e do brasileiro. No plano formal, essa busca se dá pela linguagem falada no Brasil, ignorando, ou melhor, desafiando o português lusitano. No plano temático, a utilização do folclore servia como matéria-prima dessa busca.


Macunaíma é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo brasileiro. Essa tentativa não era nova. O autor romântico José de Alencar, por exemplo, tivera a mesma intenção ao criar, no romance O Guarani, o personagem Peri, índio de aspirações nobres, que se assemelhava, em relação a sua conduta ética, a um cavaleiro medieval lusitano. Não é exagero dizer, se compararmos Peri a Macunaíma, que esse é o oposto daquele. Enquanto o primeiro é valente, extremamente perseverante e encontra suas motivações nos valores da ética e da moral, Macunaíma, além de indolente, conduz a maioria de seus atos movido pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”.

NARRADOR
A crítica literária contemporânea faz questão de considerar a diferença entre o autor e o narrador: esse é tido como uma criação daquele. No caso de Macunaíma, no entanto, essa distinção pode ser questionada, quando o narrador aparece no último capítulo. No “Epílogo”, o narrador revela que a história que acabara de narrar havia sido contada por um papagaio, que, por sua vez, a tinha ouvido de Macunaíma: “Tudo ele – o papagaio – contou pro homem e depois abriu asa rumo a Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história”. Essa interferência do narrador, da forma como foi feita, aproxima-o do autor, no caso Mário de Andrade.

ENREDO
A obra Macunaíma pode ser classificada como uma rapsódia, considerando- se dois significados dessa palavra contidos no Dicionário Aurélio: “3. Entre os gregos, fragmentos de poemas épicos cantados pelos rapsodos. 4. Mús. Fantasia instrumental que utiliza temas e processos de composição improvisada tirados de cantos tradicionais ou populares”.


Há, ainda, uma aproximação ao gênero épico: à medida que o livro narra, em trechos fragmentados, a vida de um personagem que simboliza uma nação. Sobre a acepção musical dada pelo dicionário, chama atenção o improviso da narrativa, que impressiona e surpreende a cada momento, tendo como pano de fundo a cultura popular.


O enredo dessa rapsódia, como foi dito, pode tornar-se confuso ao leitor acostumado ao pacto de verossimilhança realista. Por exemplo, é necessário aceitar o fato de o protagonista morrer duas vezes no romance; ou, então, que Macunaíma, em uma fuga, possa estar em Manaus e, algumas linhas depois, aparecer na Argentina; ou ainda o fato de o herói encontrar uma poça que embranquece quem nela se banha.


A verossimilhança em questão é surrealista e deve ser lida de forma simbólica. A cena em que Macunaíma e seus dois irmãos se banham na água que embranquece pode ser entendida como o símbolo das três etnias que formaram o Brasil: o branco, vindo da Europa; o negro, trazido como escravo da África; e o índio nativo. Nessa cena, Macunaíma é o primeiro a se banhar e torna-se loiro.
Jiguê é o segundo, e como a água já estava “suja” do negrume do herói, fica com a cor de bronze (índio); por último, Manaape, que simboliza o negro, só embranquece a palma das mãos e a sola dos pés.

Capítulo I - “Macunaíma
Macunaíma nasce no Uraricoera e já manifesta uma de suas características mais fortes: a preguiça; sua principal atividade é a sexual, e com a mulher do irmão Jiguê. É também nesse capítulo que o protagonista se transforma em um príncipe lindo.

Capítulo II - “Maioridade”
Por suas traquinagens, Macunaíma é abandonado pela mãe. No meio do mato, encontra o Curupira, que arma uma cilada para o herói, da qual acaba escapando por pura preguiça. Depois de contar à cotia como enganou o monstro, ela joga calda de aipim envenenada em Macunaíma, fazendo seu corpo crescer, com exceção da cabeça, que ele consegue desviar do caldo.

Capítulo III - “Ci, Mãe do Mato”
Com a ajuda dos irmãos, Macunaíma consegue fazer sexo com Ci, que engravida e perde o filho. Após a morte do filho, Ci deixa também este mundo e dá a Macunaíma a famosa muiraquitã, um tipo de talismã ou amuleto.

Capítulo IV - “Boiúna Luna”
Triste, Macunaíma segue seu caminho após se despedir das Icamiabas (tribo das índias sem marido). Encontra o monstro Capei e luta contra ele. Nessa batalha, perde o muiraquitã e fica sabendo que uma tartaruga apanhada por um mariscador havia encontrado o talismã, e esse o tinha vendido a Venceslau Pietro Pietra, rico fazendeiro, residente em São Paulo.

Capítulo V - “Piaimã”
O herói, acompanhado dos irmãos, vai para São Paulo, com o objetivo de recuperar a pedra. Na cidade, descobre que Venceslau Pietro Pietra é o gigante Piaimã, devorador de gente que era amigo da Ceiuci, também apreciadora de carne humana.

Capítulo VI - “A francesa e o gigante”
Macunaíma disfarça-se de francesa para seduzir o gigante Piaimã e recuperar a muiraquitã. O gigante propõe dar a pedra ao herói disfarçado se esse aceitasse dormir com ele. Macunaíma, então, dispara numa correria por todo o Brasil.

Capítulo VII - “Macumba”
Macunaíma vai para um terreiro de macumba no Rio de Janeiro e pede à macumbeira que dê uma sova cruel no gigante.

Capítulo VIII - “Vei, a Sol”
Ainda no Rio, o herói encontra Vei, a deusa-sol. O herói promete a Vei que iria casar-se com uma de suas filhas. Na mesma noite, no entanto, Macunaíma “brinca” (ou seja, faz sexo) com uma portuguesa, enfurecendo a deusa. Ela manda um monstro pavoroso atrás do herói, que foge deixando a portuguesa com o monstro.

Capítulo IX - “Carta pras Icamiabas”
No retorno a São Paulo, Macunaíma escreve a famosa “Carta pras Icamiabas”, na qual descreve, em estilo afetadíssimo, a agitação e as mazelas da vida paulistana.

Capítulo X - “Pauí-pódole”
Com o gigante adoentado, Macunaíma fica impossibilitado de recuperar a pedra, portanto gasta seu tempo aprendendo a difícil língua da terra.

Capítulo XI - “A velha Ceiuci”
Depois de arrumar uma saborosa confusão na cidade, o herói vai visitar o gigante, que ainda se recuperava. Resolve fazer uma pescaria no Tietê, onde também costumava pescar Ceiuci. Além de brincar com a filha da caapora, Macunaíma foge de Ceiuci em um cavalo que percorre de forma surrealista a América Latina: em algumas linhas, faz o incrível trajeto Manaus-Argentina.

Capítulo XII - “Tequetequem, Chupinzão e a injustiça dos homens”
Disfarçando-se de pianista, Macunaíma tenta obter uma bolsa de estudo para seguir no encalço de Venceslau Pietro Pietra, que fora para a Europa. Não conseguindo ludibriar o governo, decide viajar pelo Brasil com os irmãos. Numa das andanças, com fome, o herói encontra um macaco comendo coquinhos. O macaco diz cinicamente que estava comendo os próprios testículos. Macunaíma, ingenuamente, pega então um paralelepípedo e bate com toda a força nos seus, ditos, coquinhos. O herói morre e é ressuscitado pelo irmão Manaape, que lhe restitui os testículos com dois cocos-da-baía.

Capítulo XIII - “A piolhenta de Jiguê”
Jiguê se enamora de uma moça piolhenta, que brinca toda hora com Macunaíma. Quando descobre a traição, Jiguê dá uma sova no herói e uma porretada na amante, que vai para o céu com seus piolhos, transformada em estrela que pula.

Capítulo XIV - “Muiraquitã”
Macunaíma mata o gigante Piaimã, jogando-o num buraco com água fervendo, onde Ceiuci preparava uma imensa macarronada. Depois de matar Venceslau Pietro Pietra, o herói consegue recuperar a muiraquitã.

Capítulo XV - “A pacuera de Oibê”
Macunaíma e os irmãos resolvem voltar para o Uraricoera, levando consigo alguns pertences e uma dose de saudade de São Paulo. Na volta, o herói tem vários casos amorosos. Perseguidos pelo Minhocão Oibê, Macunaíma o transforma num cachorro-do-mato e segue viagem.

Capítulo XVI - “Uraricoera”
Chegando ao Uraricoera, o herói se entristece ao ver a maloca da tribo destruída. Uma sombra leprosa devora os irmãos, e Macunaíma fica só. Todas as aves o abandonam, apenas um papagaio, a quem conta toda a sua história, permanece com ele.

Capítulo XVII - “Ursa Maior”
Vei, a Sol, vinga a desfeita que Macunaíma havia feito a uma de suas filhas e cria uma armadilha para o herói, que, ao ver a uiara em uma lagoa, se deixa seduzir e acaba sendo mutilado pelo monstro. Macunaíma consegue recuperar suas partes mutiladas, abrindo a barriga do bicho, mas não encontra sua perna nem a muiraquitã. O herói vai para o céu, transformado na constelação da Ursa Maior.

Epílogo
O narrador, aqui, conta que ficou conhecendo a história narrada com o papagaio ao qual Macunaíma havia relatado suas aventuras.

TEMPO E ESPAÇO
Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não estão precisamente definidos, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra indefinido.

CONCLUSÃO
Macunaíma é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro, segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói.


9 de agosto de 2009

Qual a importância da internet na educação?

Olá turma, essa é nossa primeira postagem e já começamos anlisando nossa proposta através desta quastão.

leia a citação:

"Para além de ser uma excelente fonte de informação, a Internet possibilita a interacção com os outros ou seja, a partilha de opiniões, sugestões, críticas, e visões alternativas. Ellsworth (1997) observa que se vive numa sociedade baseada na informação, exigindo-se a capacidade de aquisição e análise dessa mesma informação. Desta forma, o mundo contemporâneo exige que o indivíduo seja capaz de pensamento crítico e capaz de solucionar problemas. Gokhale (1995) considera que a aprendizagem colaborativa dá aos alunos a oportunidade entrar em discussão com os outros, tomar a responsabilidade pela própria aprendizagem, e assim torná-los capazes de pensamento crítico". Disponível em http://rmoura.tripod.com/internetedu.htm.
A intenet vem revolucionando a educação e gerando muito debate. Para uns essa nova tecnologia tem "roubado o tempo dos alunos", para outros permite uma nova forma de fazer educação através de interação entre os educandos e a aprendizagem autodirigida.
Leia o texto: O conceito de aprendizagem autodirigida acessando o link: http://rmoura.tripod.com/internetedu.htm e reponda: Quais as condições para um aluno ter sucesso com uma apredizagem autodirigida?