3 de julho de 2011

De Picuí a Ferreira Gullar: Wellyson Marlon


Leia o Poema d0 picuiense Wellyson Marlon, ex aluno do Lordão,
que motivou a resposta do Poeta Ferreira Gullar:



PULSÃO ESTELAR: VIDA
(Depois de ter assistido o poeta Ferreira Gullar em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Em 28/02/2011)


Para Ferreira Gullar e Kauã Nícolas

“Pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e ao desamparo, acender uma luz qualquer. Uma luz que não nos é dada, que não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens”.

Ferreira Gullar



Alguns dias
trazem – naturalmente –
em seus bojos (a me levarem junto)
uma depressão habitual
não-periódica que dentre flores (açucena e jasmim)
feito clitóris me excita
encara consome mas não
me subestima antes
dialoga comigo.

Quando em paralelo,
kauã – de um aninho de vida
lindo e gostoso riso – procura algo
a mexer com encantamento (em plena
avenida castelo branco na via-láctea) e encontra
o livro de poemas do gullar
– um lampejo entre mãos inocentes –
para descobri-lo na sua essência
não para rasgá-lo (sem sequer
saber que
a paixão existe
com sua beleza entre
nuvens e vaginas
pulcras púrpuras pujantes
a encantar ou vulvas
abertas para o sono
para o sonho
para carícias

para a vida
com flores chocolate joias
como presentes
repletos de amor poesia carinho
e corações decorativos,
o doce penetrar
na mulher amorosa
o implacável sistema
a revolução feérica e feroz).
Enquanto
a síndrome do coração-
partido ou crise existencial me invade
feito balé-bolshoi em
uma sensação contrária:
não de cometer autocídio mas
nem de ter outrora havido
em meio frustrações
perplexidades indagações (de hoje? justas?
de deus? da vida?)
do homem (que ama
sonha protesta luta perde vence
tortura-se
suicida-se com um tiro
no peito mas
não morre pois
entra pra história)
em relação à vida
condição humana
existência que num frêmito
aceno não se esvai
assim tão fácil nem difícil
– que faço entre coisas?
– de que me defendo?
pare o mundo que eu quero
descer!
Porém
num clarão surge fúlgido
fúlvido fulgural
numa flutuante flâmula
numa flama flamante flamejante
a cintilar-me:
Ferreira Gullar
– um dos meus heróis
num rol de dois ou três –
o maior poeta
vivo o poema
personificado o
brilhante pensador
meu herói em minha tevê
(entre sons e imagens quase
ao alcance das mãos eufóricas).
É que os poetas são as coisas boas da vida
um dia (não sei bem quando)
me enlouqueci por Gullar (com gula)
– que me perdoem os outros poetas –
até porque
nos apaixonamos pelos poetas
que se parecem conosco:
“a gente escreve para fugir do sofrimento”
“a religião serve para responder a todas as perguntas que não têm respostas”
“o poema surge do espanto”
e que
“a arte existe porque a vida não basta”.
Súbito um estalo de vida
explode em meu coração
numa cintilação intensa
num incêndio esplêndido
num indissipável brilho
num banho de purificação
por sobre meu espírito
meu corpo
num lampejo de sonho
e esperança.


Wellyson Marlon Jr.
Picuí-PB, águas de março, 2011

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